Sem dúvida alguma, no período em que o mundo se enclausurou por conta da terrível pandemia, não debelada ainda, as pessoas se agoniaram, descansaram, descobriram coisas, experimentaram outras, sentiram-se solitárias. E a solidão não é tão boa para todos. Tem gente que dá graças a Deus por ficar em paz sozinha, e tem gente que começa a perder a sanidade por não estar com ninguém além de uma tela.
Você há de convir que a tecnologia da comunicação, hoje, resolve inúmeros problemas cotidianos, mas aquele problema que toca um único ponto da raça humana não é contemplado com nenhum recurso tecnológico: tatear alguém. Qualquer um a quem se ama, ou a quem se odeia. Para um, o abraço, para o outro, o empurrão. Mas a pele, o pulsar, a vida in loco é sobrevivência para todos.
E é nesse tempo-espaço que a personagem se move, se cala, se descobre, descobre também as pequenas coisas que nem dava bola. Mas, inacreditavelmente, quando tudo isso passar, voltaremos a ignorar as minúcias tão lindas da vida. Nesse sentido, o conto que ora apresento diz toda a delicadeza que não tínhamos, o exercício da observação, matéria-prima sem preço para qualquer escritor.
O traço das insignificâncias, dos sentimentos antes embotados, a proximidade com o insano, mas também com o puro, com o amor, com a vida, tudo constrói o texto cuja beleza, certamente, há de conquistar sua curiosidade, desabrochar sua sensibilidade, tornando-o(a) outra consciência do que não vemos.
A beleza da vida é pouco desnuda aos olhos capitalistas, pragmáticos e desumanos. Tornemo-nos vitais, coletivos, pacientes e humanos. Assim como fomos feitos.
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